Ajuda-nos a promover as nossas publicações, dá o teu Gosto nesta página. Obrigado

terça-feira, 17 de novembro de 2015

O Sr. Agente PSP António - O rosto (in)visível de uma tentativa falhada.


Chamo a vossa atenção para esta matéria relacionada com os elementos das nossas forças de segurança, em particular a um agente entrevistado por tentativa de suicídio.

Infelizmente neste ano de 2015, que já se aproxima do seu final, até à data já se suicidaram 12 elementos das forças de segurança Portuguesas. Números lamentáveis que mostram a pior arma do mundo, a cabeça do homem que, se não estiver equilibrada, poderá provocar a sua própria destruição.

Em dois dias o "Jornal i", pela mão da sua jornalista Rosa Ramos, fez duas publicações sobre dois Agentes da Policia de Segurança Pública, ambos com a intenção de cometer suicídio mas apenas e infelizmente um conseguiu levar até ao fim.

No dia 13 de Novembro saiu a reportagem "Agente da PSP deixou nota a avisar que não queria fardas no funeral". Lendo a publicação encontrei que "Foi o quarto suicídio nas forças de segurança em menos de duas semanas e o terceiro na PSP. Uma agente da esquadra de Águas Santas, na Maia, suicidou-se anteontem à noite num parque nos arredores do local de trabalho. Ao que o i apurou, Ana utilizou a arma de serviço para dar um tiro no coração e deixou um bilhete de suicídio a avisar que não queria “polícias fardados no funeral".

Um triste final para uma Agente da PSP que, antes de tudo o mais, é um ser humano. Que tipo de pressão ou depressão teria a Agente que, segundo a jornalista "(...)estava a atravessar um processo de divórcio e foi o ex-marido, que trabalhava na mesma esquadra, que foi chamado à ocorrência – desconhecendo que se tratava da ex- -mulher. A polícia, que antes de conseguir transferência para o Norte trabalhou na esquadra da Mina, na Amadora, tinha 38 anos e deixou dois filhos menores." O que leva uma pessoa cometer suicídio, tendo dois filhos menores e amor dos mesmos, nestas circunstâncias? Não percebi bem se teve a ver o ex-marido com o actual processo de divórcio e por trabalharem na mesma esquadra, foi essa a causa ou se seria outro ex-marido o problema, mas a verdade é que acompanhamento psicológico ou psiquiátrico não existiu e infelizmente pôs fim à sua vida.

Peça completa em: http://www.ionline.pt/480231#close

No dia seguinte, dia 14 de Novembro, a jornalista destaca outra história que poderia ter tido um final igual ao da anterior.

António, só António, é assim que é chamado o Agente da PSP que dá esta entrevista, este despertar para uma triste realidade dentro das nossas forças de segurança.

António tinha 22 anos quando entrou para a PSP e 40 anos quando tentou o suicídio já com uma enorme história vivida. Viveu tantos factores de pressão por parte de chefias e acontecimentos que surgem do próprio trabalho, da patrulha às ruas e resposta aos pedidos de emergência e tudo isto levou a que a cabeça do Agente António satura-se e segundo o próprio "Fui perdendo o amor-próprio e sentia que ninguém se preocupava comigo ou queria saber."

António refere ainda que "Como fui parar ao hospital, toda a gente soube do que aconteceu. Na polícia o ambiente é muito masculinizado e feito de homens que têm de ser fortes ou mostrar que o são. E a tendência quando alguém está com uma depressão é pensar: “Olha, aquele está maluco.”". Mas que tipo de colegas ou que tipo de espírito é este que, perante uma profissão de risco diário, vivendo sob pressão, há ainda quem goze e chame de maluco a uma pessoa que ficou para toda a vida marcada com imagens de pessoas decapitadas, com a sua própria morte ali ao lado, com que moral um colega de profissão pode gozar desta forma com outro colega? Com que direito?

Para finalizar chamo a atenção para este ponto da entrevista.
"Homens com 20 ou 30 anos de experiência são comandados por miúdos com 22 ou 23 anos acabados de sair do instituto e que não sabem nada da vida nem da profissão. Talvez por insegurança, tornam-se autoritários e severos." Digamos que um "miúdo" que vai para Chefia, sem experiência e com receio de que a sua posição possa ser posta em causa, decide colocar-se severamente a cima de todos os outros. Há uma diferença entre ser líder e ser chefe, penso que o problema aqui seja esse mesmo, o medo de não ser um líder leva a que queira ser um chefe e o líder leva consigo as pessoas de bom grado, já o chefe obriga as pessoas a irem contra o seu agrado.

António está vivo e está com os papeis para a pré-reforma. Tentou suicidar-se sem sucesso porque felizmente no dia em que deitou as mãos aos comprimidos depois de ficar sozinho em casa, a mulher que se esqueceu de papeis importantes teve de voltar a casa e sem prever que o que estava a acontecer, chegou a tempo de o salvar.

Fico feliz pelo Agente António se encontrar bem, mas outros entretanto já seguiram caminhos diferentes, caminhos sem retorno e infelizmente mais irão se nada for feito e não é, como exemplo, com 6 Psicólogos para 23 mil militares da GNR que vão conseguir prestar apoio a todos.

Fica aqui a peça do Agente António - http://www.ionline.pt/480384
Assim como também a do psicólogos da GNR - http://www.ionline.pt/480400



Sem comentários:

Enviar um comentário